
E esse vazio que me consome. Faz de meus dias eternidades. Conversas tornam-se sem sentido, pois palavras não podem ocupa-lo.
E, se eu quebro meus espelhos é porque não tem
mais nada ali pra mim.
(…)
Na passarela a garoa fina beija o rosto.
O olhar se perde distante com os carros.
As crianças passam correndo.
Cachorros velhos, gente preocupada, faculdades, trabalhos.
(…)
A vida insiste em ser um jogo de jogar e perder.
E a gente nunca quer perder não é?
Nunca quer enfrentar o buraco do vazio.
A gente quer tudo.
Mas tudo nunca pode.
(…)
Então a gente se acha mais uma vez.
Numa parte do filme que a gente sempre assiste.
Frente ao buraco na fresta da árvore.
Grandes demais para passar.
Nos sentindo velhos demais pra tentar.
E o coelho branco se vai sem dizer adeus
(...)
Tento e tento me adaptar mas não consigo assistir
a um simples programa de TV sem estar pensando em outra coisa.
O tempo todo.
Me distraio.
O tempo todo.
Converso comigo.
O tempo todo.
(...)
Opiniões.
As pessoas estão cheias delas.
E eu estou cheia delas.
Delas e das pessoas.
(...)
(...)
Era uma vez uma história.
Daquelas sem a mínima graça.
Sem porquinho, sem carneiro, sem pato feio.
Daquelas que você cansou de ouvir.
E cansou de viver.
Nesse livro não tem ‘fim’.
A morte chama.
Ninguém é salvo.
E falta alguma coisa.
Sempre falta.
(...)
Talvez a resposta esteja perdida entre a razão e a inocência.
Talvez a resposta seja vazia como o olhar seco entre os lírios.
Talvez a resposta não exista.
(...)
É, talvez todo esse tempo de busca tenha servido apenas para preencher a falta de sentido
Eu subi a montanha e não vi nada.
Nada.
Se preferiria continuar escalando sem chegar ao topo?
Talvez... talvez o entretenimento da escalada me distraísse o suficiente para não pensar nas dores.
(...)
Um segundo só é válido quando é pleno.
Senão é mentira.
Senão é morto.
Senão é imperfeito.
(...)
Não agarro desejos com dedos mas com dentes.
Para se errar com classe o erro deve ser magnânimo, pois afinal, até para o erro existem expectativas... você sabe.
E como existem!
E ah, quem dera eu cometer o mais perfeito dos erros.
Seria estrela que vive no escuro sem brilhar, e aí sim minha loucura seria a mais sábia entre os homens.
Quantas vezes assisti em silêncio contemplares meus erros.
E ah sim, foram erros.
Mas erros muito bem sucedidos, convenhamos.
E errar é uma arte.
Para alguns uma frivolidade da inconseqüência, para outros, filosofia de vida.
E foram senhores erros... embora não o suficiente.
(...)Eu não entendo e creio que nunca vou entender esse ‘ele(a) está em um lugar melhor agora’.
Por que as pessoas teimam em ter apenas duas opções de “como tudo começou” ?
Podem ser apenas historinhas inventadas baseadas em alguns fatos.
Só por que são historinhas bem elaboradas e cumpridas são as únicas possíveis?
Eu poderia criar uma teoria se fosse o caso.
Perderia alguns anos da minha vida, porém seria famosa e deixaria mais uma duvida ao mundo.
Mais uma historinha para os que não acreditam acharem erros e tentarem provar que estou errada.
Enquanto para os que acreditarem eu serei uma mente brilhante.
E se éramos anjos então por que viemos para Terra?
Para provar se merecemos o descanso eterno no paraíso ou no inferno?
Nada disso me faz sentido.
Se é uma vida tão maravilhosa no paraíso por que mudar então?
E quanto aos animais?
Existe um ‘céu’ para os cachorros, gatos, aves, peixes, roedores e etc?
Eles não merecem tanto quanto ‘as pessoas boas’?
Mas chega disso
Ninguém pode provar nada completamente.
Então que cada um fique com seus mitos e lendas.
Só peço que não me forcem a acreditar em um ou outro.