segunda-feira, 23 de maio de 2011
e tenta desesperadamente
passar algo além do focinho.
Ele quer sair
e mijar nos postes
com os outros cachorros.
Mas ninguém entende.
Ele pertence aos donos do portão.
Então ele grita.
Acham que ele é bravo.
Ele grita mais.
Acham que ele incomoda.
Aí jogam água
e além de puto ele sente frio.
Pensam em adestrar
no Método Ludovico
mas sabem que no fundo
ele será sempre o mesmo cachorro.
Então, numa certa noite,
cortam suas bolas.
E o cachorro não late mais.
Não quer mais gritar.
Não quer mais sair do portão.
Não quer mais ver os amigos
nem mijar nos postes.
Só quer ficar velho,
doente e acabar logo com isso.
Soa familiar?
Você deve ter visto algum cachorro desses
em algum espelho por aí
ou em qualquer reflexo de vitrine.
Pois é…
Agora o portão fica aberto
e o cachorro olha pra rua
sem vontade de sair
nem de latir.
mas sei, perder o juízo é o que mais preciso para ficar bem.
Por não ser assim, maduro.
Por insistir em querer viver sempre no escuro,
em querer sempre ter alguém pra tentar dividir um pouco dessa minha solidão…
Mas ela sempre me diz não… ela sempre diz…
E eu me sinto abstrato, grudando pedaços que não ficam bem.
Se sei que amar é mito, por que sempre insisto em outra você?
Por que me entrego por migalhas e sempre insisto em querer
prosseguir buscando em vão e fingindo não saber que me vendo por tão pouco?
Talvez no fim seja “EU” o motivo desse corpo nunca se satisfazer.
Não sei ser porto seguro nem pra mim nem pra você.
E não sei ficar contente nem ver graça nessa gente.
Não sei gostar de ninguém…
Eu sei, cobri meus espelhos com mil sacos pretos.
Prefiro não ver que eu sou meu próprio vulto.
Então perco o rumo a cada amanhecer.
sexta-feira, 20 de maio de 2011

A pior droga que existe é a ilusão.
Porque ela não vem do copo, da pedra, do pó,
ela vem do coração.
Então, a pior droga que existe é o coração.
O que deixa a gente em xeque.
Porque, como se vive sem o coração?
A droga pulsa desde que nos conhecemos por gente.
Não medimos doses, não pedimos de presente.
A droga vem e vem e vem constantemente.
E quando é fraca e o dia não surpreende,
a gente apela pra ilusão.
Mesmo que ninguém diga nada, mesmo que não prometa,
mesmo que não tenha chão.
A gente acredita porque precisa do coração.
E cria alegria, tristeza, decepção.
Mesmo que o outro não saiba.
O que a gente chama de paixão na verdade é a droga.
A droga do coração.
Então a gente busca conforto.
Na raiva, no ódio, na solidão.
Xinga, esperneia, fala besteira.
Diz que nunca foi verdade, que foi tudo brincadeira,
e põe a culpa no outro da nossa própria condição.
Mas na verdade o fato é que somos todos viciados,
em sentir qualquer coisa que seja,
pra dar sentido ao que é presente.
O que a gente quer, sempre é o que supreende.
E a gente nunca está contente.
Sempre quer sentir mais a droga do coração.
Porque ela não vem do copo, da pedra, da canção.
Ela sempre está presente porque faz parte da gente,
e como somos viciados, não sabemos dizer não.
As palavras sufocadas...

“Acordem crianças do campo
que é hora de inverter o curso dos dias.
Vamos quebrar televisões
e inflamar bandeiras.
Acordem crianças que a aurora
aponta o pesadelo dos donos da moral.
Vamos queimar as roupas em missas e funerais.
Acordem que o tempo é curto demais.
Crianças, acordem que a vida que nos roubam
jamais irá voltar
e este mundo que nos deram já não basta."
terça-feira, 17 de maio de 2011
Haru, sakura no koro sz

kizukeba itsumo soba ni atte touzen to omouyou ni natte
onaji dane mitekita fuukei wa kurikaesu atatakana kisetsu mo sakura no hana mo
ano koro to nani mo kawarazuni kigitachi wa onaji kao de warau
kawatta no wa kimi no koto dake nukumori wo nokoshite
awai yureta kontorasuto kimi wo sagashite
natsu ga yatte kite kimi ga inaku naru mae ni
dakishimete ima omokage mo zenbu
hanashitara subete wa uso ni naru yo
kuchizuketa sono shunkan ni wa mou
yume no naka de dakishimeta yasashii nukumori wa kono te ni
nikki wa, tsuzuki ga nai yo 'iji waru dane.' hitori de
koushite usureteyuku yo ienakatta kotoba wa
onaji kisetsu omoidaseba kimi wa yurusu kai?
natsu ga yatte kite kimi wa mata inaku natta
kimi ga ita sonzaishoumei dane
atatakana mune no naka no kimochi wa
kuchizuketa sono shunkan ni wa mou
yume no naka de dakishimeta yasashii nukumori wa kono te ni
#
Eu percebi, parece que estar sempre ao seu lado ficou normal.
O cenário que vimos quando viemos é o mesmo. Mesmo as estações se repetindo, mesmo as cerejeiras florescendo.
Sem mudar, as árvores estão sorrindo com a mesma expressão de antes.
A única coisa que mudou foi você, abandonada pelo calor.
No pálido contraste eu procurei por você.
O verão está chegando, antes que você desista de ficar...
Eu abraço todas as imagens agora.
Se eu partir com elas, tudo vira uma mentira.
Nós nos beijamos naquele momento.
No sonho, nos abraçamos; o gentil calor nas mãos ...
Não há continuação no meu diário. "Isso parece ruim." por: eu mesmo.
Desse jeito, as palavras que eu não pude falar estão morrendo
A mesma sensação... você vai deixar que eu me lembre?
O verão está chegando, denovo, e você já desistiu de ficar.
Você estava aqui, a prova da sua existência.
O sentimento em mim é confortante.
Nós nos beijamos naquele momento.
No sonho, nos abraçamos; o gentil calor nas mãos ...